terça-feira, 24 de abril de 2012

organização do tempo e espaço


ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO


O espaço da prática pedagógica deve considerar a criança no seu contexto social, ambiental, cultural e, mais concretamente, nas interações e práticas sociais que lhe fornecem elementos relacionados às mais diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a construção de uma identidade autônoma.

Organizar o cotidiano das crianças da Educação Infantil pressupõe pensar que o estabelecimento de uma sequência básica de atividades diárias é, antes de mais nada, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de crianças, a partir, principalmente, de suas necessidades. [...]. Este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço-temporal tenha significado. Ao lado disto, também é importante considerar o contexto sociocultural no qual se insere e a proposta pedagógica da instituição, que deverão lhe dar suporte. (BARBOSA; HORN, 2001, p. 67).

A organização temporal no Centro de  Educação Infantil deve romper o molde da rigidez, da inflexibilidade e da uniformização. Conforme Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 54), “deve-se procurar conciliar a estabilidade necessária em rotinas que organizam a vida do centro com a flexibilidade nas tarefas e nas atividades programadas”, em que cada um pode ter seu próprio tempo de construção de aprendizagens, o qual pode ser bem diferente.
O mesmo documento acrescenta que, cada criança deve encontrar e ter seu tempo para atuar e terminar o que começou; tempo e oportunidade para estar só, em dupla, em pequeno grupo, em um grupo maior e com o educador; tempo para atividades e jogos espontâneos e tempo para os jogos mais complexos. É igualmente necessário que os adultos (pais e educadores) encontrem os momentos de participação e intercâmbio, de planejamento e de reflexão compartilhada.
Também é importante ressaltar a necessidade da organização do tempo didático, ou seja, o trabalho educativo realizado com as crianças, envolvendo cuidados, jogos, brincadeiras, onde o espaço deve estar organizado de acordo  com cada trabalho realizado.
A este respeito Rossetti-Ferreira (2002, p. 148), descrevem que o espaço deve ser atrante e estimulante para as crianças, os quais devem ser “observados, avaliados e mudados pelos educadores na medida em que as crianças se desenvolvem e se interessam por coisas novas”.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), a estruturação do espaço, a forma como os materiais estão organizados, são essenciais para a execução de um projeto educativo, como auxiliares no processo de aprendizagem.
A organização espacial responde às diferentes necessidades, interesses e capacidades que as crianças apresentam, por isso, o Centro de Educação necessita tomar decisões nesse âmbito para dar espaço à comunicação e ao encontro com os outros, à experimentação e à curiosidade, ao desenvolvimento da criatividade, à exploração de possibilidades e limitações motrizes, à necessidade de jogo, de descanso, de higiene e alimentação, de expressar sentimentos e emoções, de exercitar a autonomia, de estabelecer relacionamentos com o educador e de se sentir querido e valorizado.
O modo como organizamos materiais e móveis, e a forma como crianças e adultos ocupam esse espaço e como interagem com ele são reveladores de uma concepção pedagógica”. (HORN, 2004, p. 15).
Desse modo, é uma decisão importante a criação de um ambiente estimulante, aconchegante e acolhedor, onde sejam dadas ótimas condições para o desenvolvimento de cada criança em seu duplo processo de socialização e individualização, em que ela aprenda a se conhecer, a conhecer os outros e a intervir no mundo, uma vez que tanto o espaço quanto os objetos da sala de aula, devem estar a favor do desenvolvimento sadio dos bebês, propiciando-lhes experiências novas e diversificadas.

[...] é preciso oferecer espaços com propostas diferenciadas, situações diversificadas, que ampliem as possibilidades de exploração e pesquisa infantis. As crianças realmente ampliam suas possibilidades de exercitar a autonomia, a liberdade, a iniciativa, a livre escolha, quando o espaço está adequadamente organizado. (THIAGO, 2006, p. 60)

Portanto, o Centro de Educação Infantil, tem na organização dos ambientes uma parte importante de sua proposta pedagógica, traduzindo as concepções de criança, de educação, de ensino e aprendizagem, bem como uma visão de mundo e de ser humano do educador que atua nesse cenário.

REFERÊNCIAS


BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Organização do espaço e do tempo na escola infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. Educação Infantil. Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. 3º vol. Formação Pessoal e Social. Brasília: MEC/SEF, 1998.

HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons, aromas. A organização dos espaços na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

THIAGO, L. P. S. Espaço que dê espaço. In: OSTETTO, L. E. (Org.). Encontros e encantamentos na Educação Infantil: partilhando experiências de estágios. Campinas: Papirus, 2006.

ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde, et al. (org.) Os fazeres na educação infantil. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

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