ORGANIZAÇÃO DO
TEMPO E DO ESPAÇO
O espaço da prática pedagógica deve considerar a
criança no seu contexto social, ambiental, cultural e, mais concretamente, nas
interações e práticas sociais que lhe fornecem elementos relacionados às mais
diversas linguagens e ao contato com os mais variados conhecimentos para a
construção de uma identidade autônoma.
Organizar o cotidiano das
crianças da Educação Infantil pressupõe pensar que o estabelecimento de uma
sequência básica de atividades diárias é, antes de mais nada, o resultado da
leitura que fazemos do nosso grupo de crianças, a partir, principalmente, de
suas necessidades. [...]. Este conhecimento é fundamental para que a
estruturação espaço-temporal tenha significado. Ao lado disto, também é
importante considerar o contexto sociocultural no qual se insere e a proposta
pedagógica da instituição, que deverão lhe dar suporte. (BARBOSA; HORN, 2001,
p. 67).
A organização temporal no Centro de Educação Infantil deve romper o molde da
rigidez, da inflexibilidade e da uniformização. Conforme Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 54), “deve-se procurar
conciliar a estabilidade necessária em rotinas que organizam a vida do centro
com a flexibilidade nas tarefas e nas atividades programadas”, em que cada um
pode ter seu próprio tempo de construção de aprendizagens, o qual pode ser bem
diferente.
O mesmo documento
acrescenta que, cada criança deve encontrar e ter seu tempo para atuar e
terminar o que começou; tempo e oportunidade para estar só, em dupla, em
pequeno grupo, em um grupo maior e com o educador; tempo para atividades e
jogos espontâneos e tempo para os jogos mais complexos. É igualmente necessário
que os adultos (pais e educadores) encontrem os momentos de participação e intercâmbio,
de planejamento e de reflexão compartilhada.
Também é importante
ressaltar a necessidade da organização do tempo didático, ou seja, o trabalho
educativo realizado com as crianças, envolvendo cuidados, jogos, brincadeiras,
onde o espaço deve estar organizado de acordo
com cada trabalho realizado.
A este respeito
Rossetti-Ferreira (2002, p. 148), descrevem que o espaço deve ser atrante e
estimulante para as crianças, os quais devem ser “observados, avaliados e
mudados pelos educadores na medida em que as crianças se desenvolvem e se
interessam por coisas novas”.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), a estruturação do espaço, a forma como
os materiais estão organizados, são essenciais para a execução de um projeto
educativo, como auxiliares no processo de aprendizagem.
A organização espacial
responde às diferentes necessidades, interesses e capacidades que as crianças
apresentam, por isso, o Centro de Educação necessita tomar decisões nesse
âmbito para dar espaço à comunicação e ao encontro com os outros, à
experimentação e à curiosidade, ao desenvolvimento da criatividade, à
exploração de possibilidades e limitações motrizes, à necessidade de jogo, de
descanso, de higiene e alimentação, de expressar sentimentos e emoções, de
exercitar a autonomia, de estabelecer relacionamentos com o educador e de se
sentir querido e valorizado.
“O modo como organizamos materiais e móveis, e a forma
como crianças e adultos ocupam esse espaço e como interagem com ele são
reveladores de uma concepção pedagógica”. (HORN, 2004, p. 15).
Desse
modo, é uma decisão importante a criação de um ambiente estimulante,
aconchegante e acolhedor, onde sejam dadas ótimas condições para o
desenvolvimento de cada criança em seu duplo processo de socialização e
individualização, em que ela aprenda a se conhecer, a conhecer os outros e a
intervir no mundo, uma vez que tanto o espaço quanto os objetos da sala
de aula, devem estar a favor do desenvolvimento sadio dos bebês,
propiciando-lhes experiências novas e diversificadas.
[...] é preciso oferecer
espaços com propostas diferenciadas, situações diversificadas, que ampliem as
possibilidades de exploração e pesquisa infantis. As crianças realmente ampliam
suas possibilidades de exercitar a autonomia, a liberdade, a iniciativa, a
livre escolha, quando o espaço está adequadamente organizado. (THIAGO, 2006, p.
60)
Portanto, o Centro de Educação Infantil, tem na
organização dos ambientes uma parte importante de sua proposta pedagógica,
traduzindo as concepções de criança, de educação, de ensino e aprendizagem, bem
como uma visão de mundo e de ser humano do educador que atua nesse cenário.
REFERÊNCIAS
BARBOSA,
M. C. S.; HORN, M. G. S. Organização do
espaço e do tempo na escola infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E.
Educação Infantil. Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
BRASIL.
Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental. 3º vol. Formação Pessoal e Social. Brasília: MEC/SEF,
1998.
HORN, M.
G. S. Sabores, cores, sons, aromas.
A organização dos espaços na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
THIAGO,
L. P. S. Espaço que dê espaço. In: OSTETTO, L. E. (Org.). Encontros
e encantamentos na Educação Infantil: partilhando experiências de estágios.
Campinas: Papirus, 2006.
ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde, et
al. (org.) Os fazeres na educação infantil. 5. ed. São Paulo: Cortez,
2002.
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